Sem Fim

Elizabeth Jobim

De 19 Set a 01 Nov 2008

Elizabeth Jobim se refere ao componente mineral através de um mostruário que exemplifica aspectos de seu processo artístico. Disposto a um lado, de forma a separá-lo da instalação pictórica criada exclusivamente para a sala, o mostruário apresenta ao espectador mock-ups/mini-quadros de sua autoria, assim como desenhos, esboços e pedras. Uma reunião de elementos estimulantes e didáticos, aspectos indispensáveis em um espaço dedicado ao ensino.

A artista celebra grandes gestos pictóricos em tons de azul. Seu vasto abraço abstrato pode ser interpretado como algo urbano que, de todos os modos, não é figurativo nem descritivo. Em seu trabalho intitulado Endless Lines, a artista aproxima o espectador de sua experiência das linhas, algo que logra através do movimento que não procura interpretar ou representar. Seus quadros acentuam os movimentos que executa no comprimento e na largura. A matéria flui em azul sobre branco. A participação do espaço circundante faz dos quadros uma instalação. Jobim, que mora no Rio de Janeiro, estudou o espaço da sala para criar uma instalação exclusiva para a mostra. As telas se tocam lado a lado, e assim criam um ritmo sensual que permeia o uso das cores frias. O que nos afeta como um virar do avesso, de dentro para fora e vice-versa. Os planos e as retas – dotadas de significado mas não-representativas – indicam movimento. Em um contexto de tintas planas e formas fracionadas incomuns, telas de grandes dimensões interagem umas com as outras em um discurso que se utiliza de sua proximidade. Como joias de grande maestria, pedras facetadas e imemoriais. Através de Jobim, trafegamos em espaços envolventes, mas que também nos escapam. 

Magnética, a luz intensa de Endless Lines chama o espectador para dentro da galeria. A instalação ocupa a área mais fortemente iluminada. As duas cores empregadas por Jobim criam um contraste formal que se compara ao delinear de uma planta arquitetônica. A mostra está embebidas de ritualidade contemporânea, cria uma transição, como um caminho que leva a um altar despossuído que, sem ser religioso, é visual e habitado pelas pedras das cidades imemoriais. Jobim domina o gesto controlado e vibrante como se participasse de uma dança especial e desta emanasse luz que afirma a própria vida.

Graciela Kartofel